Depois
de recuar na proposta de condicionar o avanço das negociações a uma
trégua do movimento grevista, representantes do governo, em reunião
realizada nesta terça-feira (12) com as entidades do setor de educação,
mudaram de posição e passaram a aceitar a antecipação do prazo para o
fechamento de uma proposta. Em uma reunião que durou mais de três horas,
o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento
(SRT/MP), Sérgio Mendonça, acordou com o ANDES-SN e com as demais
entidades, que na próxima terça-feira (19) haverá nova reunião na qual o
governo vai apresentar um esboço de um novo plano de carreira. Até lá, a
greve dos docentes continua.
“Hoje foi um dia vitorioso para o
nosso movimento. Não só porque realizamos belíssimas manifestações em
todo o país, como fizemos o governo mudar a posição de que não receberia
categorias em greve. Também conseguimos que, pela primeira vez, ele
aceitasse antecipar o prazo para finalizar as negociações. Se antes o
limite era 31 de agosto, agora, há uma sinalização de que o processo
esteja concluído no começo de julho”, avaliou a presidente do ANDES-SN,
Marina Barbosa. Durante as mais de três horas de reunião, um grupo de
professores da Universidade de Brasília (UnB) e do Comando Nacional de
Greve (CNG) ficou em frente ao Ministério do Planejamento, como forma de
mostrar que a categoria está mobilizada.
Proposta indecente
A
reunião começou por volta das 18h, com o secretário Sérgio Mendonça
afirmando que o governo se dispunha a apresentar uma proposta de
re-estruturação da carreira docente num prazo de 20 dias, desde que a
categoria desse uma trégua e saísse da greve. Também defenderam o
encaminhamento o Secretário de Educação Superior do Ministério da
Educação (Sesu/MEC), Amaro Lins, e o diretor de Desenvolvimento da Rede
Federal de Educação Profissional e Tecnológica do MEC (Setec/MEC),
Aléssio Barros. Argumentaram que era preciso estabelecer uma relação de
confiança entre o governo e as entidades.
A proposta foi veemente
rechaçada pelas entidades presentes. “Eu custo a acreditar no que ouvi.
Ontem, na reunião do Comando Nacional de Greve, foi levantada essa
possibilidade, mas eu não achei que seria possível. Vim hoje para essa
reunião esperando que fosse apresentada uma proposta e que sairíamos
daqui para virar a noite estudando o que fosse apresentado ”, afirmou a
presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa.
Ela lembrou que o governo
foi avisado inúmeras vezes de que a categoria estava insatisfeita.
“Agora, não há como negar. Estamos em uma das maiores greve já
realizadas no setor, com 55 instituições paradas, sendo 50
universidades”, afirmou.
Marina argumentou que o governo não
podia esperar que a categoria aceitasse dar a trégua, pois há muito
tempo que os docentes vêm dando prazos, continuamente descumpridos pelo
Ministério do Planejamento.
O
1º vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique Schuch, afirmou que a
greve é fruto da compreensão da categoria de que há uma desvalorização
do magistério. “Hoje temos uma carreira totalmente desestruturada”,
afirmou.
O diretor do Sinasefe, David Lobão, criticou o fato de o
governo condicionar o avanços das negociações à volta ao trabalho dos
grevistas e argumentou que a greve, ao contrário do que diz o governo,
pode levar a negociações mais rápidas, já que a categoria estará em
estado de mobilização permanente. Os dirigentes do Proifes lamentaram o
fato de o governo ter desmarcado a reunião no dia 28 de maio e
informaram que a categoria tem decidido, em plebiscitos, pela greve.
Trégua
Depois
das falas das entidades, os representantes do governo pediram um
intervalo e voltaram com a proposta de realização de uma reunião na
próxima terça-feira (19), em que será debatido um esboço de um novo
plano de carreira. Disseram, também, que a proposta vai partir do que
foi discutido na reunião do dia 15 de maio e que poderá ser utilizado
como parâmetro o plano de carreira do pessoal do Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT). Sérgio Mendonça não quis se comprometer se o piso e o
teto serão o mesmo do servidores do MCT.
Os representantes do
governo insistiram que as categorias dessem uma trégua e voltassem ao
trabalho. Os dirigentes do ANDES-SN foram enfáticos ao afirmar que não
havia como a categoria recuar. “Só podemos dar qualquer posição quando
conhecermos a proposta do governo. Até porque a nossa carreira tem
especificidades que não foram contempladas pelo governo”, adiantou
Marina Barbosa.
O 1º vice-presidente da Regional Nordeste II do
ANDES-SN, Josevaldo Cunha, perguntou aos representantes governistas se
eles poderiam adiantar o teor da proposta. “Queremos saber se haverá uma
preocupação de se fazer uma discussão da estrutura conceitual, para
depois se chegar ao impacto orçamentário. Ou se o governo colocará um
limite financeiro, que é conjuntural, a sobrepor a organização do plano
de carreira”, questionou. Sérgio Mendonça respondeu, apenas, que a
proposta levará em consideração toda a discussão realizada no GT
Carreira.
Para o ANDES-SN, a reunião desta terça-feira marcou o
início efetivo das negociações. “Entendemos que concluímos as discussões
do GT. Podemos não ter chegado a um denominador comum, mas agora todas
as nossas divergências e pontos convergentes ficaram claros. Vamos,
então, partir para outro patamar de discussão, no qual o governo precisa
objetivar suas propostas, que serão analisadas pelo movimento”, afirmou
Marina Barbosa.
Fonte: http://www.andes.org.br:8080/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5417
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